Existe um grande valor em colaborar, tanto para alcançar objetivos comuns, quanto para conectar pessoas.
Quando sentimos que a nossa contribuição é importante para o resultado final de um grupo isso nos gera um sentimento de pertencimento e reduz os conflitos e a competição.
Mas para conseguirmos colaborar de forma efetiva, precisamos nos importar com as necessidades das outras pessoas. Reconhecer as diferenças, as divergências e a diversidade é o melhor caminho para colher os frutos de ambientes colaborativos.
COOPERAÇÃO E COLABORAÇÃO
Cooperar e colaborar são conceitos que se confundem, e não é à toa. Ambas palavras tem o prefixo “co”, que significa “ação conjunta”. Mas cooperar vem do latim operare - operar, executar, fazer, realizar -, e colaborar, vem da palavra labore - trabalhar, produzir, exercer uma atividade com um fim.
Na prática, essa distinção pode ser traduzida em: na cooperação um grupo de pessoas executa um objetivo juntas, na colaboração as pessoas compartilham de um objetivo comum.
É como se a colaboração desse um “passo além” da cooperação, pois para colaborar as pessoas precisam se relacionar de uma forma que permita maior integração e interação, ou seja, maior interdependência entre os membros do grupo.
2. COLABORAÇÃO E COMPETIÇÃO
Quando convidamos a colaboração para integrar nossas trocas estamos convidando as pessoas a integrarem tudo o que são na construção daquele objetivo em comum.
Parece simples, mas dentro de um construto social que esteve, até então, muito pautado na competição, é algo realmente inovador e desafiador.
Para colaborar precisamos desapegar do individualismo, do medo, da desconfiança e, simultaneamente, estar abertos a “sustentar e ser sustentado” pelo outro.
Se eu considerar que a oferta do outro é uma “ameaça” a quem eu sou, ou que pode “desvalorizar ou diminuir” o que eu trago, eu vou entrar no padrão de competição.
3. A VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
Para colaborar você parte da premissa de que o outro tem “algo” a oferecer que você não tem - pelo menos não enquanto um potencial.
O outro só consegue participar se houver espaço para que ele traga suas oposições, contrastes, contradições, alteridades. Para haver colaboração é preciso que as diferenças sejam percebidas como valor e não como motivo de classificação e separação.
Na produção de conhecimento, por exemplo, o separatismo e a falta de colaboração entre as “diferentes ciências” acabou deixando de fora importantes correlações e interseções que hoje tentamos resgatar com um olhar sistêmico.
Devido à falta de colaboração e de espaço para integrar percepções diferentes, o estudo do ser humano, acabou fracionado entre as ciências biológicas e ciências sociais e culturais.
A falta de espaço para a diversidade de saberes, a hierarquia entre os mais “científicos” e a competição entre os “saberes mais sábios” acabou excluindo ao invés de incluir, e sumarizando ao invés de potencializar.
Se quisermos trabalhar com a colaboração precisamos: legitimar a potência que existe entre a unidade (cada pessoa) e a diversidade (coletivo); acolher as diferenças; e rever a necessidade de hierarquia.
4. COLABORAÇÃO E AS ORGANIZAÇÕES
Quando olhamos para o cenário organizacional, fica claro que competências como protagonismo, autonomia e colaboração são cada vez mais requisitadas.
E fica claro que não há como abordar tais aspectos sem olhar para as relações. A forma e a qualidade das relações que construímos e sustentamos em nossos contextos - seja pessoal e profissional - é que vai viabilizar um espaço maior ou menor para a colaboração florescer e prosperar.
Estudos indicam que relacionamentos saudáveis impactam em diversos fatores, como engajamento, estresse associado ao trabalho, capacidade de colaboração e nível de autodireção e aprendizado.
A construção de confiança, de uma aprendizagem mais autônoma, de um senso de comunidade é o que vai viabilizar inovação, criatividade, colaboração e, consequentemente, melhores respostas diante dos desafios.
-- Para colaborar precisamos nos relacionar -- Texto escrito por Marina Galvão
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